O Governo de Timor-Leste, através da sua Agência de Cooperação a trabalhar há cerca de um ano na Guiné-Bissau, procedeu à entrega de quatro canoas a motor, que serão utilizadas nas ligações entre quatro ilhas do sul do País e a cidade de Catió. As embarcações foram entregues ao Governo de Transição e ao Governador da Região de Tombali.
Um sonho das populações, que em Setembro último pediram ao Representante Especial do Secretário-Geral da ONU, que pudesse ajudar a facilitar o transporte entre aquelas localidades. José Ramos-Horta contactou a Agência que conseguiu um financiamento, 61 mi dólares para aquisição das embarcações. Com 14 metros de comprimento, 40 pessoas podem ser transportadas por estas canoas equipadas com motores de 15 cavalos e coletes salva-vidas. É um “sinal de solidariedade ao Povo da Guiné- Bissau”, explicou o Director da Agencia de Cooperação de Timor-Leste e antigo vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros, Alberto Carlos.
A delegação do Governo timorense foi representada por Mari Alkatiri, que acompanha o Primeiro-ministro Xanana Gusmão, em visita oficial á Guiné Bissau, que termina esta terça-feira.
Alkatiri, na breve alocução proferida sublinhou que “não há economia que se sustente sem conectividade, isto é o início de um processo para ligar pessoas, transportar cargas entre ilhas” e elogiou Ramos Horta e a Agência de Cooperação. A cooperação entre Timor-Leste e a Guiné Bissau vai continuar, será bilateral mas sem “deixar de haver cooperação de Povo para Povo”, acrescentou Alkatiri à mensagem, de que foi portador por parte do Chefe do Executivo de Díli. O antigo Primeiro-ministro timorense fez votos para que seja dada boa utilização a estas quatro embarcações.
O mesmo apelo foi deixado por Rui Duarte Barros, que considerou que esta entrega das canoas a motor, “vai aliviar o sofrimento daquelas populações, uma vez que a região sul enfrenta problemas de acesso “. O Chefe do Executivo cessante de Bissau, enfatizou a cooperação de Timor-Leste, em várias áreas: “conseguimos realizar umas eleições o mais transparentes possíveis através de um recenseamento de quase 97% de potenciais eleitores e nós não podemos esquecer isso num momento tão difícil e decisivo e que foi fundamental juntamente com outros parceiros”, acrescentou Rui Duarte Barros que lembrou também outros apoios dos timorenses, como o recentemente dirigido à Seleção Nacional de Futebol guineense e que é extensivo “às diferentes organizações da sociedade civil”.
José Ramos-Horta reiterou os votos para que a Guiné-Bissau caminhe rumo ao desenvolvimento, mas também deixou um repto dirigido a parceiros do desenvolvimento que tradicionalmente têm ajudado o País: “deviam olhar para projectos destes pequenos que rapidamente resolvem alguns problemas de transporte das ilhas”. O Nobel da Paz e antigo Chefe de Estado timorense, deu como exemplo a Alemanha que é o parceiro principal em Timor-Leste na área dos transportes “ e que talvez possa vir a ser parceiro da Guiné-Bissau, para introduzir barcos de tecnologia mais avançada e talvez daqui a cinco anos, Timor-Leste e outros parceiros possam ajudar”. Ramos-Horta disse também que se sentia honrado por estarem presentes na cerimónia,o Primeiro- ministro cessante e o Primeiro- ministro eleito, bem como representantes das agências de desenvolvimento, o PNUD, PAM, UNICEF.
De resto, foi muito notada a presença simbólica do Primeiro-ministro eleito, Domingos Simões Pereira, que esteve sempre ao lado do Chefe do Governo de transição, numa atmosfera descontraída e que reafirma a determinação e vontade dos líderes guineenses em olharem para o presente e projectarem o futuro (ver fotos). Ambos, cumprimentaram uma criança que se encontrava no Porto de Bissau e que quis conhecer de perto os seus governantes.